O ciclo de palestras “Bioma Pantanal” chegou em sua reta final. Cuiabá foi o quinto de seis municípios mato-grossenses a receber as palestras dos pesquisadores da Embrapa Pantanal, na noite dessa quinta-feira (03/08). Idealizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) o ciclo tem o objetivo de discutir a sustentabilidade da pecuária pantaneira e os desafios do setor produtivo, além de levar ao conhecimento dos produtores do Pantanal as pesquisas desenvolvidas pela Embrapa com foco no bioma.
“Este ciclo vem ao encontro com um dos principais desafios da nossa unidade de pesquisas, que é a nossa aproximação com a região conhecida como Pantanal Norte para aplicarmos nossas pesquisas. Nesta semana já nos encontramos com mais de 500 pessoas ligadas ao Pantanal, sejam produtores, pesquisadores, estudantes, visitamos propriedades, conhecemos de perto as principais demandas. Temos certeza que este é o início de um novo tempo para o Pantanal de Mato Grosso”, disse o chefe-geral da Embrapa Pantanal Jorge Lara.
As palestras realizadas em Cuiabá também contemplaram os produtores de Santo Antônio de Leverger e Barão de Melgaço. O pesquisador José Aníbal Comastri Filho abriu a noite com a apresentação sobre a pecuária sustentável praticada no Pantanal. A pesquisadora Sandra Aparecida dos Santos apresentou a Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), ferramenta que avalia os processos produtivos da pecuária de corte para conhecer o nível de sustentabilidade das propriedades. A pesquisadora Márcia Furlan Nogueira Tavares de Lima fechou o ciclo com a palestra sobre as enfermidades de equídeos.
Márcia falou sobre a Osteodistrofia Fibrosa, popularmente conhecida como “Cara Inchada”, doença causada pela falta de cálcio nos ossos dos equídeos, que são substituídos por tecido fibroso, mais volumoso e mole e que pode causar a morte do animal.
A pesquisadora alertou que uma vez acometido pela doença a reversão no animal é muito difícil. “Por isso a melhor coisa a ser feita é prevenir. Mantendo os animais em pastagens de com baixo teor de oxalato ou em pastagens nativas de boa qualidade, de preferência com a suplementação mineral adequada”, orientou.
Segundo Márcia, para evitar o agravamento da doença deve-se evitar fornecer alimentos ricos em fósforo, como o milho e o farelo de trigo aos animais doentes, pois podem agravar o desequilíbrio entre o cálcio e o fósforo.
A Anemia Infecciosa Equina (AIE) foi outro tema abordado pela pesquisadora. A doença é causada por um retrovírus que não tem tratamento e nem vacina para prevenção. “Uma vez infectado, sempre infectado. O vírus fica no sangue do animal que, mesmo sem sinais de doença, continua sendo uma fonte de infecção”, explicou Márcia.
De acordo com a pesquisadora, a forma mais eficaz de prevenção à doença é evitar o contato de um equídeo com sangue de outro equídeo. Para isso é importante usar seringas e agulhas descartáveis, uma para cada equídeo, e descartar de forma apropriada, abolir a espora pontuda ou fina, e utilizar apenas esporas rombas e grossas, não compartilhar tralha, ou lavar muito bem com água e sabão (tralha de boca) antes de utilizar em outro animal.
O presidente do Sindicato Rural de Santo Antônio de Leverger e diretor da Famato, Antônio Carlos Carvalho de Sousa, reforçou a importância do ciclo de palestras. “A Embrapa desenvolve diversas pesquisas e tecnologias que muitas vezes não chega até o produtor rural. Essa iniciativa promove essa aproximação que é de fundamental importância para nós, são profissionais com mais de 30 anos de experiência trazendo informações significativas para os produtores do Pantanal mato-grossense”.
Além de Cuiabá, o ciclo de palestras “Bioma Pantanal” passou pelos municípios de Mirassol D’Oeste, Cáceres, Nossa Senhora do Livramento e Poconé. Hoje (04/08) as palestras serão em Rondonópolis.