Projeto avalia sustentabilidade em fazendas pantaneiras

Arquivo Famato

Tem início em Mato Grosso o Projeto FPS – Fazendas Pantaneiras Sustentáveis, realizado pela Embrapa Pantanal, Federação de Agricultura e Pecuária do Mato Grosso (Famato), Senar-MT, Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Sindicatos Rurais de municípios mato-grossenses e diversos parceiros. A iniciativa multidisciplinar irá aplicar a ferramenta Fazenda Pantaneira Sustentável, produzida pela Embrapa Pantanal, em fazendas-piloto no estado. Por meio de um software elaborado em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, a FPS elabora diagnósticos das propriedades e mensura o nível de sustentabilidade em cada uma. De 26 a 28 deste mês, representantes das entidades se reuniram com os presidentes dos sindicatos rurais de Cáceres e Poconé para acertar detalhes sobre a execução das atividades.

O programa trabalha com a adesão voluntária dos produtores. Em sua fase inicial, 12 propriedades (4 por município) aplicarão a ferramenta, buscando aprimorar aspectos econômicos, produtivos, sociais e ambientais das fazendas pantaneiras. Gradativas e contínuas, as ações devem acontecer durante cinco anos. “Entre os nossos objetivos estão o aumento da produção de carne e bezerros por hectare, apoio à regularização das propriedades e aumento de eficiência, competitividade e rentabilidade do sistema que podem levar à valorização dos produtos, criação de selos produtivos, gerar políticas de incentivos fiscais, promover segurança jurídica e pagar por serviços ambientais”, explica o analista de pecuária da Famato, Marcos de Carvalho.

O cronograma de atividades envolve a realização do diagnóstico das fazendas de março a julho; a análise dos dados de julho a agosto; a apresentação de um plano de ação para cada propriedade até setembro. Nesse plano, estão previstas atividades oferecidas de forma gratuita como assistência técnica, apoio ao gerenciamento da fazenda, capacitação e treinamento dos funcionários, orientação em relação a leis e linhas de crédito, consultoria e implementação de tecnologias da Embrapa e troca de experiências. As melhorias necessárias ao aprimoramento da fazenda deverão ser executadas nos próximos 4 anos e meio. “As benfeitorias do plano de ação serão realizadas com recursos do produtor, mas não haverá custo da assistência técnica ou do pacote tecnológico oferecido a ele”, afirma Marcos.

De acordo com Armando Urenha, coordenador de assistência técnica e gerencial do Senar-MT, os técnicos da instituição irão visitar as propriedades e oferecer atendimento individual mensal com duração de 20 horas nos dois primeiros anos, passando gradativamente a atendê-las 8 horas por mês. “A metodologia consiste em cinco etapas: no diagnóstico da propriedade, planejamento estratégico, adequação tecnológica, capacitações complementares dos produtores e trabalhadores rurais e análise de dados da FPS”, descreve. As capacitações dentro do projeto serão definidas de acordo com a demanda de cada fazenda e estendidas às famílias e moradores próximos de cada propriedade, além dos funcionários e produtores. “A assistência técnica desenvolvida nesse projeto tem caráter gerencial e educativo, no qual o produtor não é somente assistido, mas capacitado a gestar sua própria fazenda”.

Perspectivas – Nilton Mesquita, gerente de relações institucionais da Acrimat, destaca a importância do desenvolvimento de ações e políticas voltadas ao desenvolvimento do bioma pantaneiro. “A FPS vem alavancar a produtividade e a organização o campo”. Ele também cita os possíveis usos da avaliação provida pela ferramenta, relacionando o aumento de conhecimento ao desenvolvimento da bovinocultura de corte local e dos municípios que trabalham com a atividade. “Ela vai trazer os números reais das propriedades – dados de desmama dos bezerros, organização, custos (…). Precisamos mensurar para desenvolver o tripé ambiental, econômico e social da sustentabilidade”.

O chefe-geral da Embrapa Pantanal, Jorge Lara, afirma que a FPS também está em fase de implantação no MS, onde mais 12 propriedades deverão compor o núcleo piloto de aplicação da ferramenta. “Essas 24 pioneiras vão preparar o terreno para que dezenas, talvez centenas de outras propriedades entrem no sistema”. Ele ressalta que os produtores terão autonomia para escolher o nível de sustentabilidade desejado para a fazenda atinja, personalizando a experiência com a FPS de acordo com as demandas locais. “Muitas tecnologias úteis, importantes, vezes chegam para o produtor de modo que ele apenas recebe a informação, mas não é o agente transformador. Acredito que a FPS traz essa possibilidade, na qual produtor vai ser conosco o construtor dessa nova etapa para o Pantanal”.

Nicoli Dichoff (MTB 3252/SC)
Embrapa Pantanal

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