Um dos técnicos do projeto Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), Vitor Hugo Tadano Padilha, e os pesquisadores da Embrapa Pantanal – Corumbá/Mato Grosso do Sul, Walfrido Thomas e André Restel, percorreram as fazendas assistidas pelo projeto na região sul de Mato Grosso (Itiquira, Rondonópolis, Barão de Melgaço e Santo Antônio de Leverger) em dezembro de 2021. A próxima agenda de visitas será divulgada a partir de fevereiro de 2022.
Além de validar os dados do software da FPS, o objetivo foi fazer uma avaliação ambiental da fauna e da flora das fazendas que, posteriormente, irão subsidiar o modelo do programa FPS e auxiliarão as próximas propriedades que serão inseridas no projeto.
Durante as visitas em campo foram realizados registros de pontos de coerência de mamíferos terrestres de médio e grande porte no Pantanal (pegadas), como onças pardas, veado campeiro, veado catingueiro, anta e porco do mato.
O supervisor do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Marcelo Nogueira, explicou que o software FPS identifica esses animais como fortes indicadores de que há preservação naquela área.
A caracterização e o balizamento de densidade vegetal possibilitaram a equipe calibrar os dados no modelo do programa FPS. Marcelo explicou ainda que a densidade vegetal foi o levantamento realizado pelos técnicos no início do projeto, em que foram contabilizadas arvores (arbustos) nos pontos de coordenadas geográficas direcionadas pelo software FPS. “Com isso foi possível constatar o poder de regeneração da floresta”, pontuou Marcelo.
Nos pontos de coletas dos dados vegetais em áreas de porte arbóreo foram identificados olhos d’água, bebedouros e cochos de sal mineral que foram implantados a partir da orientação dos técnicos do Senar-MT no início dos trabalhos.
“Com esses números, quantificamos o número de animais, por exemplo, se uma vaca bebe 80 litros de água e o produtor tem na propriedade mil vacas, isso significa que ele tem que ter 80 mil litros de água disponível. Nesse levantamento observamos que algumas fazendas precisavam melhorar os indicadores de água e o déficit hídrico, sendo assim, orientamos que fossem construídos poços”, esclareceu Marcelo.
Segundo o supervisor, os pesquisadores vieram para validar o que os produtores rurais fizeram, verificar se o Pantanal está em equilíbrio e se as coletas que foram feitas pelos técnicos estão ajustadas. “E foi verificado que os produtores aumentaram os números de bebedouros, de cocho de sal, alimentos disponíveis para a nutrição animal, e preservaram olhos d’água”, disse.
Na avaliação do técnico Vitor Hugo, as visitas são positivas e conseguem, além de aproximar o corpo técnico da FPS e os produtores rurais, melhorar a análise social, ambiental e econômica das propriedades e do bioma Pantanal.
“Essa proximidade dos produtores pantaneiros, pesquisadores da Embrapa e técnicos do Sistema Famato agrega valor ao projeto e a veracidade das informações levantadas. Isso vai nortear as propriedades que futuramente devem ingressar no projeto FPS. Com a previsão de expansão do projeto e a entrada de novas propriedades será possível fomentar os três pilares da produção sustentável: área econômica, ambiental e social”, explicou Vitor Hugo.
As visitas técnicas da ATe-G Senar foram mantidas durante os anos de 2020 e 2021, porém, devido às restrições da pandemia em 2020, o cronograma estabelecido com os parceiros da Embrapa-MS precisou de alterações e foi prejudicado. Após a retomada em meados de 2021 foi possível observar juntamente com os pesquisadores os dados coletados, tanto na parte ambiental como na hídrica, que já estão contemplando o projeto.
“Com o auxílio dos pesquisadores da Embrapa e dos técnicos, os produtores estão conseguindo absorver mais as orientações e os dados, estão tendo a oportunidade de colocar em prática o que vem sendo discutido dentro do projeto, assim como os pesquisadores estão conseguindo balizar os programas inseridos, sempre associando o conhecimento técnico deles com a prática dos produtores”, pontuou.