A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) reuniram produtores rurais e presidentes de sindicatos rurais com atividade agropecuária no Bioma Pantanal mato-grossense em uma Missão Técnica em Mato Grosso do Sul. Com o objetivo de unir tecnologia e desenvolvimento da produção, o Sistema Famato discutiu possibilidades de parceria com a Embrapa Pantanal em prol do Bioma Pantanal. A visita técnica na sede da Embrapa, em Corumbá-MS, aconteceu quinta-feira (06/04).
“O objetivo surgiu de algumas demandas dos sindicatos rurais do Bioma Pantanal e de algumas ações que estão acontecendo tanto em Mato Grosso como em Mato Grosso do Sul referente às legislações do bioma. Com isso, o Sistema Famato tomou a iniciativa de se aproximar mais da parte técnica e cientifica e a Embrapa seria uma das unidades referência que representa a atividade agropecuária sustentável”, apontou a gestora do Núcleo Técnico da Famato Lucélia Avi.
A parceria é vista pelo chefe-geral da Embrapa Pantanal Jorge Lara como a oportunidade de colocar em prática os projetos já desenvolvidos. “Nós temos certeza que a aproximação com Mato Grosso é um caminho sem volta para a Embrapa Pantanal. Nós queremos cada vez mais fortalecer esse laço e aumentar muito mais a nossa participação junto ao estado de Mato Grosso. Queremos compartilhar com o produtor rural o nosso conhecimento”, assegurou Lara.
Lucélia disse que a parceria pode possibilitar aos produtores rurais respaldo técnico e cientifico, desenvolvimento sustentável e econômico para a atividade, por meio de cursos, palestras, oficinas e outros. “Com isso o produtor terá ferramentas para conseguir se manter dentro do Bioma Pantanal que é praticamente todo conservado com áreas remanescentes de vegetação nativa que, no entanto, precisam ser conservadas e desenvolvidas”, ressaltou.
Durante a visita, os produtores priorizaram discutir com os pesquisadores e corpo técnico da Embrapa Pantanal a legislação ambiental que tramita na esfera federal. Para representantes dos municípios inseridos em áreas do Bioma Pantanal mato-grossense, onde a economia predominante é a bovinocultura de corte, com um rebanho aproximado de 4.200 milhões de cabeça, a prioridade é definir o que é Bioma Pantanal e quais são os conceitos, uma vez que o assunto ainda causa muitas controvérsias. “A definição do bioma descrita não é muito clara, deixando o produtor com dúvida de como explorar”, argumentou o grupo.
Para o setor agropecuário, o projeto de lei conhecido como “Lei do Bioma Pantanal” trata de aspectos muito gerais e não discute as peculiaridades do bioma. O que está sendo discutido acerca do Pantanal não leva em consideração o que é uma área úmida. “As leis ambientais devem ter base cientifica para funcionarem”, disse o produtor e representante do Sindicato Rural de Cuiabá Vicente Falcão de Arruda Filho.
Para os produtores, a definição das Áreas de Preservação Permanente (APP), no Bioma Pantanal, na forma como estão definidas e discriminadas no projeto de lei cobrem quase toda a planície, inviabilizando assim a sua demarcação. “Assim fica impossível. Para as propriedades rurais, inviabilizaria a atividade pecuária, uma vez que grande parte destas áreas, que seriam consideradas APPs correspondem a relevantes áreas de pastagens naturais”, assegurou o vice-presidente do Sindicato Rural de Cáceres Jeremias Pereira Leite.
Outros pontos não especificado são as práticas de limpeza de pastagem pela remoção de vegetação invasora, o uso do fogo para manejo da vegetação campestre e o manejo florestal. Todas elas são atividades de relevância para a pecuária tradicionalmente praticada no Pantanal. No entendimento do setor, as práticas merecem normatização e embasamento técnico e científico.
O chefe-geral da Embrapa defende a ampliação das discussões e acredita que essas questões devem ser levadas para diversos grupos de interesse da sociedade civil organizada.
Além da rodada de discussão sobre o Bioma Pantanal, os membros da missão participaram das palestras: Manejo de Pastagem Nativas e Formação de Pastagens Cultivadas para a Região do Pantanal; Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS); Delimitação de Área na Região do Pantanal; Índices Econômicos e Tecnologias para Pecuária Sustentável do Pantanal; Projeto Biomas; Projetos Pecus e Cadastro Ambiental Rural (CAR).
A Famato, entidade de classe que representa 90 Sindicatos Rurais de Mato Grosso, desenvolve ações institucionais que garantem que a voz do produtor rural seja ouvida em diferentes instâncias. Lidera o Sistema Famato, composto pela Famato, Senar-MT, Sindicatos Rurais e o Imea. Quer saber mais sobre nossas ações? Acompanhe nossas redes sociais pelo www.facebook.com/sistemafamato e @sistemafamato (instagram e twitter) #OrgulhodeSerAgro #SistemaFamato #Famato.