Pesquisadores da Embrapa e técnicos do Sistema Famato envolvidos no projeto Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS) observaram ao longo dos últimos meses a interação entre animais silvestres, floresta e o boi pantaneiro nos municípios que fazem parte do bioma Pantanal. As riquezas de detalhes foram registradas em imagens fotográficas e anexadas nos relatórios técnicos de campo, demonstrando a integração e vivência do homem pantaneiro com a natureza.
Desde 2019, o Pantanal mato-grossense é berço deste projeto pioneiro conduzido pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT), Sindicatos Rurais, Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal/MS.
“É interessante verificar a interação dos animais silvestres com os bois e cavalos pantaneiros. Isso prova para nós, que estamos atuando bem de perto neste projeto, a sustentabilidade da região”, afirma o supervisor do Senar-MT, Marcelo Nogueira.
O projeto FPS iniciou com 15 fazendas assistidas pela equipe de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar-MT, técnicos da Famato e pesquisadores da Embrapa Pantanal. Está prevista a expansão dos trabalhos para mais 15 propriedades até 2023.
Segundo Nogueira, o projeto tem como objetivo subsidiar a construção de políticas públicas para a permanência do homem pantaneiro na região. “No Pantanal identificamos propriedades rurais, com mais de 200 anos na mesma família, entretanto estão sendo abandonadas pelos proprietários e sucessores devido ao excesso de legislações, criadas por órgãos de fiscalização ambiental, que não condizem com a realidade do bioma, inviabilizando a produção de pecuária sustentável”, explicou o supervisor.
Os dados coletados nas propriedades assistidas pela FPS são inseridos no “Software Fazenda Pantaneira Sustentável”. Essas informações ajudam a balizar, de forma geral, a condição das propriedades rurais do Bioma Pantanal. A ferramenta foi desenvolvida pela Embrapa Pantanal.
“O software possibilita aos produtores inserirem dados e acompanharem a evolução de suas propriedades. As informações já inseridas no software FPS classificam as propriedades assistidas como sustentáveis na produção de bovinocultura de corte no Pantanal mato-grossense”, informa Nogueira.
O projeto tem a competência de avaliar a sustentabilidade da atividade pecuária no Pantanal. De acordo com o supervisor, a motivação surgiu da necessidade de utilização de metodologia no uso de indicadores de sustentabilidade, que permitam medir as variáveis ambientais, econômicas e sociais e suas interações. Além de demonstrar a dinâmica das características ambientais da região.
Resultados práticos – Os resultados econômicos e ambientais do projeto estão subsidiando os poderes públicos, como Assembleia Legislativa, Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e órgãos competentes, na construção de legislações que beneficiem o bioma, além de incentivarem a permanência do homem pantaneiro e de seus sucessores em suas propriedades.
Dos resultados positivos para o Pantanal conquistados pelo projeto, estão o Decreto de Limpeza das Pastagens 785/2021 e o Decreto 379/20 de 18/02/2020 que altera o decreto 262 de 16/10/2019 dispensando a emissão de APF para áreas localizadas nos municípios que integram a planície alagável da bacia do Alto Paraguai (BAP). Anteriormente a APF era exigida para requerer financiamentos, tornando fator impeditivo para a produção de carne no Pantanal, assim como a aprovação do Plano Emergencial de Recuperação da Pecuária Pantaneira Pós Incêndio 333/2020/SEDEC também é uma conquista do projeto FPS.
Está em tramitação na Assembleia Legislativa a revisão da Lei 8.830-2008 que visa a regulamentação da substituição de pastagem na planície inundável do Bioma Pantanal, respaldado por uma carta técnica da Embrapa Pantanal. Os dados da carta técnica foram coletados nas fazendas assistidas pelo projeto.
Ascom Famato